Rabanadas e outros acontecimentos de Natal

Uva-passas, Bolsonaro e outras coisas que muita gente não gosta.

Arthur Lemos Coutinho
3 min readDec 28, 2019

Eu sempre acho que a véspera de Natal já faz parte do feriado. Mas, quando discutimos, Ingrid me convenceu que quase todo mundo trabalha no dia 24. Na verdade ela só sabe que me convenceu agora que está lendo esse texto.

Durante o dia 24 nos arriscamos a ir pra cozinha ajudar nos preparativos. Conseguimos fazer rabanadas e ficamos felizes. Minha mãe fez um milhão de outras coisas enquanto a gente só fez rabanadas. Mas ficamos felizes.

A ironia disso tudo é que Ingrid não gosta de rabanadas. Ou melhor, ela não gosta de canela, então algumas rabanadas ficaram sem cobertura. Ela também não gosta de churros pelo mesmo motivo, tadinha.

Mas em meio à tanta comida preparada pra ceia, a gente não esperou dar meia-noite pra orar e começar a comer. Desejamos Feliz Natal uns aos outros, nos abraçamos e comemos.

Estávamos jogando Bingo quando os fogos de artifício nos avisaram que era meia-noite. Como os estouros foram altos e por muito tempo, senti certa alegria em imaginar que os flamenguistas estavam gastando todos os fogos que não usaram na final contra o Liverpool. Ainda assim, acho que deixaram alguns guardados pro ano novo. Não ganhei nenhuma das três rodadas do Bingo.

Dormimos mais cedo do que imaginávamos, mas acordamos tarde do mesmo jeito. A missão a ser cumprida assim que acordamos foi botar a calopsita pra dentro da gaiola.

Em algum momento da manhã ela fugiu e ficou debaixo da mesa da cozinha. Como minha habilidade pra pegar passarinho é zero, chamei o Lucas e Ingrid pra pegarem. Ingrid chegou primeiro. Depois de voar na minha direção e me fazer correr como se eu estivesse fugindo de um Pitbull, a calopsita voltou pra sua gaiola, graças à Ingrid.

Já disse em algum texto por aqui que eu tenho uma preguiça enorme de sair de casa. Seja pra aniversários ou visitas a familiares. Mas eu quase nunca me arrependo quando saio. Dessa vez, na hora do almoço já estávamos na casa dos avós da Ingrid.

Fui preparado pra saber responder quando sairia o casamento, mas os questionamentos não foram tão provocativos como eu imaginei que seriam.

Mais do que isso, descobri que a prima Bia sabe fazer um bolo de chocolate maravilhoso; que tia Giovana lê os textos que publico por aqui e que o primo Matheus Alvarenga está pensando em se candidatar a vereador no ano que vem.

Antes dessas descobertas e depois do almoço, brincamos de adivinhar músicas de filmes, Quest e O que sou eu?. Aliás, em certo momento, quando o tema era “Objetos” e Bia estava com o celular na testa tentando adivinhar o que seria, o primo João Victor deu como dica “foi uma das coisas que Bolsonaro acabou”. Poderiam ser muitas coisas, Bia não soube responder, mas a resposta certa seria “Radar”.

Antes de voltarmos pra casa, ficamos um bom tempo conversando com Matheus sobre filmes. Coringa, Bacurau e Parasita não faltaram na conversa. O assunto nos fez lembrar de outros filmes. Não sei porque, à certa altura Matheus me fez lembrar que cometi o absurdo de gastar algumas horas da minha vida assistindo A árvore da vida certa vez. Que lembrança desagradável…

O pior foi que cheguei a conclusão que tentarei ver este filme novamente. Acho que eu não tinha maturidade, conhecimento ou experiência de vida o suficiente pra me expor à completa confusão cinematográfica que é aquele filme.

Em resumo, eu já sabia que as reuniões de natal que eu participaria não seriam ambiente pra discussões políticas. Tanto aqui em casa quanto na casa da família Alvarenga o clima foi de muito amor. Não fosse pela quantidade de uva-passas que colocaram na farofa, no salpicão e na maionese, o amor teria sido maior.

Leia também: Mais um dia normal na Cidade Maravilhosa, É um caminho sem volta, Então, somos companheiros! e outros

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Arthur Lemos Coutinho
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Written by Arthur Lemos Coutinho

Acredita que Futebol, Política e Religião se discute. Tenta fazer isso de forma respeitosa. Doutorando-se | E-mail: arthurlemoscoutinho@gmail.com

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