Minhas lembranças do Botafogo de 2020 e 2021

Derrotas, vitórias, alegrias e memórias.

Arthur Lemos Coutinho
4 min readDec 29, 2021
Arquibancada do Estádio Nilton Santos, setor leste superior, no jogo entre Botafogo x Guarani, domingo — 28 de novembro de 2021. Foto: arquivo pessoal.

O ano de 2021 te deixou boas lembranças? Como você contaria a história deste ano para futuras gerações? Alguma música ou refrão poderia resumi-lo ou representá-lo?

Para o torcedor do Botafogo, 2021 começou com uma sinalização evidente: o clube seria rebaixado pela terceira vez em sua história. A conclusão do Brasileirão 2020, que só aconteceu em fevereiro de 2021 devido a pandemia, oficializou essa sinalização.

O Botafogo encerrou a competição na última colocação, somando 27 pontos, e tendo o rebaixamento decretado com quatro rodadas de antecedência. Ou seja, foi um final humilhante e arrasador. Uma das derrotas mais doloridas foi contra o Vasco, um 3x0 na 29ª rodada. Ter tomado gols de Talles Magno, Andrey e Yago Picachu foi feio demais.

Eu fiquei com tanta raiva, mas tanta raiva naquele dia que permaneci largado por uns minutos no sofá, digerindo o encaminhar do rebaixamento que se concretizava, e em seguida decidi ver o filme It: a coisa! Ter visto o filme foi muito mais divertido e prazeroso do que a partida que eu havia acabado de acompanhar. A afirmação do historiador Luiz Antonio Simas, também botafoguense, resumiu bem meu sentimento sobre a temporada 2020 do Botafogo (veja aqui):

A coisa chegou a tal ponto, o time é tão ruim, que eu nem digo mais que estou torcendo. Eu estou é testemunhando.

Tendo o olhar de hoje, posso dizer que os dois últimos textos que escrevi sobre a temporada 2020 foram um exercício de otimismo — leia aqui e aqui (dá pra ver pelos títulos). Foram um exercício de otimismo e foram em vão. Fica aí a reflexão.

Nem o japonês Honda, nem o marfinense Kalou, nem o paraguaio Gatito, muito menos os brasileiros Mateus Babi, Pedro Raul e Caio Alexandre foram capazes de evitar o vexame. Honda fez ainda pior e pediu pra sair ainda em 2020!

Mas a temporada 2020 acabou. A 2021 começou, novos nomes apareceram, do presidente (Durcesio Mello), passando pelo diretor de futebol (Eduardo Freeland), técnico, goleiro até chegar ao ponta esquerda. A torcida continuou desconfiada, a eliminação na Copa do Brasil contra o ABC de Natal-RN abalou, o início com altos e baixos na série B abalou mais ainda e Marcelo Chamusca que havia chegado pra ser técnico no início da temporada 2021 foi demitido. O técnico Enderson Moreira foi contratado pra substituí-lo e este que vos escreve sentiu que o barco ia afundar de vez. Mas eu errei!

Enderson Moreira chegou, ajeitou a equipe e o Botafogo deu uma arrancada irreconhecível, saindo da parte de baixo da tabela na rodada 14 pra encerrar no primeiro lugar ao final da rodada 38.

Sendo assim, se eu pudesse escolher dois jogos pra representar o que foi o time do Botafogo nessa arrancada escolheria as duas vitórias contra o Vasco.

A vitória no primeiro turno, de 2x0, no estádio Nilton Santos foi um misto de alegria, alívio, prazer e vingança. Vingança porque semanas antes o então técnico cruzmaltino, Lisca Doido, havia recebido uma proposta para assumir o Botafogo. Ele recusou e preferiu aceitar o convite de ser treinador do Vasco, mas não durou o suficiente no cargo pra nos enfrentar no segundo turno.

Na partida do segundo turno, no dia 07 de novembro, num domingo de sol entre nuvens no Rio de Janeiro, o Botafogo foi até São Januário pra emplacar uma vitória de 4x0 sobre os vascaínos, comandados pelo técnico Fernando Diniz. Embalados pelos gols de Marco Antônio (2), Rafael Navarro e Diego Gonçalves a música que ambientou a comemoração foi “Ei, você aí, o Bota vai subir! O Bota vai subir! (e o Vasco não)!”. Aqui em casa, meu pai, meu irmão Lucas, meu amigo Jorge e eu berramos, pulamos e quase sem acreditar comemoramos euforicamente cada gol. Foi lindo.

Além disso, a vitória de 4x0 rendeu a chegada pela primeira vez na liderança da série B 2021. Liderança confirmada até o fim.

Com os bons resultados e o acesso garantido, o torcedor pôde acompanhar alguns bastidores da temporada através de oito episódios na série documental Acesso Total — Botafogo, exibidos no canal Sportv e disponíveis para assinantes na plataforma Globoplay.

Se em 2020 a esperança depositada e frustrada foi em cima de Honda, Kalou e companhia, em 2021 a surpresa e gratidão estiveram por conta de Chay, Navarro, Carli, Marco Antônio, Oyama e outros.

A retomada do público nos estádios — fruto do avanço na vacinação da população contra a covid-19 — aumentou a alegria dos torcedores que há muito esperavam pela possibilidade voltar a ver uma partida de futebol nas arquibancadas.

Minha alegria foi maior ainda por ter tido a oportunidade de junto com Ingrid e Lucas pegar um ônibus num sábado a noite no Espírito Santo, pra chegar no RJ no domingo pela manhã, encontrar nossa querida prima Claudinha e assistir a partida entre Botafogo x Guarani às 16h no Nilton Santos. O jogo terminou 2x2, mas o estádio estava lindo e lotado, com mais de 30 mil torcedores, no gramado os jogadores receberam as medalhas e a taça de campeões. Ainda no domingo, pegamos o ônibus de volta pro ES e além do cansaço, trouxemos pra casa a satisfação de ter vivido um dia como aquele.

Por isso, por incrível que pareça, minhas lembranças de 2021 sobre o Botafogo serão as melhores possíveis. Eu até escolheria o refrão da música Sorri, Sou Rei, da banda Natiruts, pra representar o que foi este ano.

Quando você se foi
Chorei, chorei, chorei
Agora que voltou
Sorri, sorri, sou rei

Que 2022 seja ainda melhor!

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Arthur Lemos Coutinho

Acredita que Futebol, Política e Religião se discute. Tenta fazer isso de forma respeitosa. Doutorando-se | E-mail: arthurlemoscoutinho@gmail.com